A Ciência da Dedução
"Sou o mais
alto tribunal de apelação em matéria de pesquisa criminal. Quando
Gregson, ou Lestrade, ou Athelney Jones se vêem em maus lençóis, como
aliás é seu estado normal, o assunto me é apresentado. Examino os dados,
como um técnico, e dou um parecer de especialista. Não procuro honras
nesses meus trabalhos. Meu nome não aparece nos jornais. O trabalho em
si, o prazer de achar um campo para as minhas faculdades, específicas, é
a maior recompensa." ( O Signo dos Quatro )
Na prática de seu ofício, Holmes
acreditava que "a detecção é, ou deveria ser, uma ciência exata". O
sistema que Holmes usava, e constantemente aperfeiçoava ao longo de sua
carreira, elevou-o ao topo de todos os detetives semelhantes. Seus
métodos, segundo ele, baseavam-se em três princípios básicos -
observação, dedução e conhecimento.
Observação
Durante todo o Cânone,
Holmes explica seus métodos a um estupefato Watson: "As coisas
aparentemente mais insignificantes são as de maior importância" ou "Você
conhece meus métodos, é baseado na observação das coisas pequeninas".
Sua obsessão em prestar
atenção aos detalhes fez dele uma figura formidável na cena do crime, o
que espantava os policiais devido a seus hábitos peculiares. Em Um Estudo em Vermelho , por exemplo:
"Enquanto falava,
Holmes tirou uma trena e uma lente redonda do bolso. Com esses dois
instrumentos, andou silenciosamente pela sala, ora parando, ora se
ajoelhando, e uma vez deitando-se no chão. Tão absorto estava no seu
exame que parecia ter esquecido de nossa presença, pois sussurrava para
si mesmo o tempo todo, produzindo uma saraivada de exclamações, gemidos e
assobios que sugeriam encorajamento e esperança. Ao observá-lo,
vinha-me irreversivelmente a imagem de um cão de caça puro-sangue bem
treinado, quando se lança para cima e para baixo, ganindo de ansiedade,
até encontrar o rasto perdido."
Tendo feito suas
observações, Holmes tinha pouca paciência por aqueles que não viam ou
recusavam-se ver as pistas e evidências descobertas por ele. "Você vê,
mas não observa", dizia.
Dedução
O segundo método de
Holmes baseava-se na observação cuidadosa das pistas e evidências
coletadas na primeira fase. Através da dedução, poder-se-ia formular
teorias e hipóteses, ponderando sobre os detalhes mais importantes de um
caso. "É da maior importância, na arte da dedução, saber distinguir,
dentre os vários fatos, quais são os de vital importância".
Uma vez coletados,
todos os fatos, pistas e dados são dispostos lado a lado para serem,
então, analisados em conjunto. Holmes, então, iria sentar-se e estudar
todos os fatos por horas a fio, como em "O Cão dos Baskervilles" ,
onde ele "ponderou sobre cada pedaço de evidência, construiu teorias
alternativas, comparou uma com a outra e discerniu os pontos essenciais
daqueles que eram imateriais". No caso "O Homem do Lábio Torcido" , o detetive analisou o caso durante toda uma noite, consumindo uma pilha de fumo. O resultado, a solução correta.
De suma importância na
análise dedutiva, é a habilidade do observador de permanecer lógico e
inteiramente objetivo. Saber "aproximar-se do caso com a mente
completamente clara, o que é sempre uma vantagem". Assim, Holmes
considerava um erro concluir precocemente perante os dados - você acaba
por distorcê-los para que se encaixem em suas teorias. "Tenho um costume
de nunca ter qualquer pré-conceito e de seguir naturalmente para onde
quer que os fatos me levem" ( "O Enigma de Reigate" ).
"[O caso] pode parecer
apontar diretamente para uma única direção, mas se você mudar um pouco
seu ponto de vista, é possível que descubra-o mirando uma coisa
completamente diferente" (" O Mistério do Vale Boscombe ").
Em síntese, vale uma de
suas mais famosas máximas: "Quando elimina-se o impossível, o que
resta, por mais improvável que pareça, tem de ser a verdade" ( "O Signo dos Quatro" ).
Conhecimento
No início de sua
carreira como detetive consultor, por volta de 1878, Holmes
aparentemente reconheceu suas falhas e lapsos no conhecimento dos fatos,
e preparou-se para coletar informações das mais variadas.
Na em época que
conheceu o Dr. Watson, em 1881, seu conhecimento de venenos, crimes,
criminosos e uma gama de assuntos relacionados, tinha tornado-se enorme.
Juntamente com sua capacidade incomum de retenção dos fatos, ele era
provavelmente o indivíduo mais bem informado de seu tempo, apesar de seu
conhecimento centrar-se em determinadas áreas e assuntos.
Sobre seu próprio conhecimento, ele escreveu, em "A Juba do Leão" :
"Possuo um vasto acervo de conhecimentos incomuns, que não seguem
normas científicas, mas que são muito úteis aos propósitos do meu
trabalho." Como exemplo, algumas das monografias escritas por Holmes,
"Sobre a Distinção de Cinzas de Vários Tabacos", "Sobre a Datação de
Manuscritos", "Rasteando Pegadas" e "O Uso de Cães na Detecção".
Esse conhecimento acumulado por vezes fornecia o elemento final para a conclusão de um mistério.
Bibliografia:
Encyclopedia Sherlockiana, Mathew E. Bunson, Macmillan
Encyclopedia Sherlockiana, Mathew E. Bunson, Macmillan
Fonte: http://www.sherlockholmes.com.br/deducao.htm
Comentários
Postar um comentário