Característica do detetive Mestre


Ao longo de toda a história das adaptações e representações de Sherlock Holmes, as características físicas originais descritas no Cânone sofreram diversas modificações. De todo modo, conforme descrito por Watson em Um Estudo em Vermelho , "a sua própria pessoa e aparência eram tais que chamavam atenção do observador mais casual. Tinha muito mais de um metro e oitenta de altura, e era tão excessivamente magro que parecia muito mais alto. Seus olhos eram agudos e penetrantes (...), e o nariz fino de águia dava a todo seu semblante um ar de vivacidade e decisão. O queixo tinha o formato proeminente e quadrado, que marca o homem de determinação. Suas mãos estavam invariavelmente manchadas de tinta e materiais químicos, no entanto, era dotado de extraordinária leveza no toque."
Apesar de não se exercitar por vontade própria, estava sempre em forma, era um ótimo corredor e dotado de uma força pela qual, segundo Watson, poucos poderiam dar-lhe crédito. Era "excepcionalmente forte nos dedos" ( "A Coroa de Berilos" ) e tinha um "aperto de aço" ( "Seu Último Adeus" ). Além disso, era muito hábil no boxe, esgrima e baritsu, um sistema japonês de defesa pessoal.
Mestre do disfarce, podia passar-se despercebido até pelos seus mais próximos. "Ele está seguindo alguém. Ontem, era um operário procurando emprego; hoje, uma velha senhora" ( "A Pedra Mazarino" ). E "não era uma mera mudança de roupa - sua expressão, suas maneiras, até sua própria alma parecia variar com cada nova porção que ele assumia. O teatro perdeu um grande ator, assim como a ciência perdeu um perspicaz estudioso, quando ele se tornou um especialista em crimes" ( "Um Escândalo na Boêmia" ).
Em decorrência de seus esforços empregados num caso, Holmes mantinha hábitos inconstantes e deveras incomuns. Podia trabalhar vivamente num problema por vários dias, sem qualquer descanso e pouca alimentação. Entretanto, na ausência de casos, que eram uma ocupação para sua mente inquieta, queixava-se da monotonia exaustiva, recusando-se a levantar da cama por dias seguidos. Na tentativa de amenizar suas ocasionais crises depressivas, recorria ao uso de estupefacientes, hábito posteriormente abandonado devido à forte insistência de seu amigo e associado, Dr. Watson.
No caso "O Pé do Diabo" , Watson lamenta que o estado de saúde não é alvo de grande preocupação de seu amigo. Sua constituição de ferro sofreu um colapso devido a uma prostração nervosa, em 1887, e dezesseis anos mais tarde, Holmes foi obrigado a retirar-se em benefício de um merecido descanso.
A paixão pela química
Dentre os mais variados campos e assuntos estudados por Holmes, nenhum fascinou-o mais do que a química. Usava seus conhecimentos na área tanto para auxiliar na elucidação de casos, como por puro hobby, misturando compostos e fazendo experiências. Como escrito por Watson, em "O Signo dos Quatro": "[Ele] mal respondia às minhas perguntas, ocupando-se toda a noite com uma abstrusa análise química que exigia o aquecimento de retortas e a destilação de vapores, cujo cheiro quase me enxotou para a rua. Altas horas da noite, eu ainda ouvia o tinir dos seus tubos de ensaio, indicando-me que ele continuava empenhado no seu experimento mal cheiroso".
A irregularidade nas refeições
Quando trabalhando num caso, Holmes freqüentemente dispensava qualquer alimento, acreditando: "as faculdades tornam-se refinadas quando você as priva de alimento. Ora, certamente, meu caro Watson, como um médico, você deve admitir que o que a digestão ganha em fornecimento de sangue é perda tamanha para o cérebro. E eu sou um cérebro, Watson, o resto de mim é um mero apêndice. Assim, é o cérebro que devo considerar" ("A Pedra Mazarino"). Entretanto, Sherlock Holmes possuía um refinado paladar culinário, e quando o tempo lhe permitia, apreciava um bom café da manhã.
O ouvido para a música
O detetive apreciava músicas de todos os tipos, incluindo ópera, concertos e até mesmo motetes. A apreciação de Holmes pela música é clara em vários episódios. O mais notório era seu gosto pelo violino e o cuidado com que mantinha o instrumento, diferentemente dos demais objetos que jaziam espalhados por seus aposentos, no 221B Baker Street.
Sua habilidade com o violino era tal que, no caso "A Pedra Mazarino", ouvintes não discerniam sua música da tocada num gravador. A pedido de Watson, ele tocaria algum dos lieder de Mendelssohn, bem como criaria peças extemporâneas.
A descrença nas mulheres
Ao longo de todo o Cânone, o leitor pode comprovar o descrédito e o desgosto de Holmes pelas mulheres e pelo casamento. Abaixo, seguem alguns exemplos:
"Nunca se pode confiar demasiado nas mulheres... nem nas melhores delas."
( O Signo dos Quatro )
"Eu não sou um fanático admirador da espécie feminina."
( O Vale do Terror )
"O Coração e a mente de uma mulher são enigmas insolúveis para o homem."
( O Cliente Ilustre )
Essa atitude, tem sido alvo de muitas especulações e análises por parte de diversos estudiosos em todo o mundo. Uma das possíveis explicações foi apresentada por Nicholas Meyer, no seu "The Seven Per-Cent Solution" , que mostra um suposto trauma psicológico adquirido por Holmes em sua juventude (maiores detalhes na seção Segredos do Cânone ).
Ainda assim, o detetive foi forçado a admitir um sustentável respeito e estima por Irene Adler , a mulher . "Para Sherlock Holmes, ela é sempre a mulher. Raras vezes o ouvi mencioná-la de outra maneira. Para seus olhos, ela eclipsava e se sobrepunha às demais mulheres. Não que ele estivesse apaixonado por Irene Adler. Todas as emoções, e particularmente essa, aborreciam sua mente fria, precisa, mas admiravelmente equilibrada" ( "Um Escândalo na Boêmia" ).
Bibliografia:
The Ultimate Sherlock Holmes Encyclopedia, Jack Tracy, Gramercy Books;
Encyclopedia Sherlockiana, Matthew E. Bunson, Macmillan 
Fonte:http://www.sherlockholmes.com.br/detetivemestre.htm

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